Atrações
Largo Rainha Dona Amélia, 2710-616 Sintra, Portugal
Palácio Nacional de Sintra
Palácio Nacional de Sintra, situado no centro histórico da Vila, é um monumento único e incontornável pelo seu valor histórico, arquitetónico e artístico.
De todos os Palácios que os monarcas portugueses mandaram erigir ao longo da Idade Média, apenas o de Sintra chegou até aos nossos dias praticamente intacto, mantendo a essência da sua configuração e silhueta desde meados do século XVI. As principais campanhas de obras posteriores à Reconquista cristã (século XII) foram promovidas pelos reis D. Dinis, D. João I e D. Manuel I, entre finais do século XIII e meados do século XVI. Estas obras de adaptação, ampliação e melhoramento determinaram a fisionomia do palácio.
O Paço mouro
A Alcáçova da vila
As primeiras alusões a estruturas palacianas em Sintra são anteriores à Reconquista. O geógrafo árabe Al-Bakrî (século XI) refere, em Sintra, dois castelos de extrema solidez (fonte: Al-Himyarî, geógrafo e historiador muçulmano). Estes seriam o situado no cimo da serra, que ainda é chamado Castelo dos Mouros, e o que existiria no local do atual palácio, implantado junto à povoação, na antiga Almedina. Teria servido como habitação dos governantes mouros e, após 1147, dos reis cristãos, na sequência das conquistas de Santarém e de Lisboa.
Em Carta Régia de 1281, D. Dinis, ciente das necessidades de manutenção dos edifícios sintrenses da Coroa (mea palacia, como são referidos pelo próprio rei), concede regalias aos mouros livres da vila vizinha de Colares pela conservação e renovação do seu Paço de Sintra: o Paço mouro pertencente à Coroa por direito de conquista, situado no interior de um recinto amuralhado.
Uma das três vistas (1509) de Duarte d’Armas (1465-?), inestimáveis fontes iconográficas por serem anteriores à campanha de obras de D. Manuel I, mostra, à esquerda, umas construções, hoje desaparecidas, com a legenda Meca (toponímia evocativa do velho paço mouro que ainda perdurava nos inícios do século XVI?). Neste local D. Manuel mandaria construir, poucos anos depois, a Torre da Sala dos Brasões.
O Paço Real
As principais campanhas de obras
Após a retoma de Sintra, decorreu algum tempo até os reis portugueses começarem a frequentar o Palácio com maior assiduidade, sobretudo depois de Lisboa se afirmar como sede do poder central. A proximidade da capital, o clima privilegiado, a paisagem, a abundância de víveres e as condições de caça foram fatores determinantes na escolha de Sintra como refúgio da Corte durante os meses de verão.
D. Dinis (reinado, 1279-1325) foi, provavelmente, o primeiro monarca a interessar-se pelo paço sintrense, uma vez fixados os limites do território português. Os seus aposentos situar-se-iam na parte mais elevada do edifício, a norte, junto da Capela Palatina que mandou construir. Este corpo ainda sobrevive e um dos seus espaços mais antigos é o conhecido como Quarto-Prisão de D. Afonso VI.
As grandes transformações e alargamentos do Palácio datam do período de D. João I (reinado, 1385-1433), no primeiro quartel do século XV, tendo-se atribuído as obras a João Garcia de Toledo. O novo paço, mais amplo e faustoso, organiza os aposentos em torno do Pátio Central, justapostos e comunicando entre si, com funções diversas, em parte referidas no manuscrito Medição das Casas de Cintra que o rei D. Duarte deixou. Destaca-se a fachada principal da construção joanina, voltada para a vila, quase totalmente ocupada pela Sala dos Cisnes, principal espaço de aparato. A distribuição do conjunto de salas anexas respondia a um critério de crescente privacidade, segundo o modelo de várias antecâmaras (Sala das Pegas, de D. Sebastião, das Sereias, onde se localizava o guarda-roupa, e de Júlio César), câmara ou quarto de dormir (Sala dos Árabes) e trascâmara (Quarto de Hóspedes). Deste modo, as divisões mais afastadas da Sala dos Cisnes seriam as mais restritas e íntimas. Fechando este conjunto, erguem-se do lado nascente as cozinhas, cujas monumentais e duplas chaminés cónicas se tornaram no ex-líbris do palácio e da própria vila de Sintra.
Devem-se a D. Manuel I (reinado, 1495-1521) as campanhas de obras destinadas a embelezar e beneficiar o Palácio, destacando-se os elementos decorativos manuelinos (portas e janelas) e mudéjares (revestimentos azulejares), bem como dois novos corpos que engrandeceram o paço real: a ala nascente, destinada aos aposentos de D. Manuel, e a Torre coroada pela Sala dos Brasões.
Ao longo dos séculos seguintes, poucas intervenções tiveram um impacto profundo no perfil do Palácio e o acontecimento mais significativo nele ocorrido, posterior ao reinado de D. Manuel, terá sido o cativeiro de um rei sem trono, D. Afonso VI, episódio que marca o fim do período mais intenso de habitação real.
O Palácio Nacional de Sintra foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e integra-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995.
Em 2013 passou a integrar a Rede de Residências Reais Europeias.
As fotografias do Palácio da Vila de Sintra foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/).
Estrada da Pena, 2710-609 Sintra, Portugal
Palácio da Pena
O Palácio da Pena ergue-se sobre uma rocha escarpada, que é o segundo ponto mais alto da Serra de Sintra (acima do palácio só se encontra a Cruz Alta, a 528m de altitude). O Palácio localiza-se na zona oriental do Parque da Pena, que é necessário percorrer para se chegar à íngreme rampa que o Barão de Eschwege construiu para se aceder à edificação acastelada. O Palácio propriamente dito é constituído por duas alas: o antigo convento manuelino da Ordem de São Jerónimo e a ala edificada no século XIX por D. Fernando II. Estas alas estão rodeadas por uma terceira estrutura arquitetónica, em que se fantasia um imaginário castelo de caminhos de ronda com merlões e ameias, torres de vigia, um túnel de acesso e até uma ponte levadiça.
Em 1838 o rei D. Fernando II adquiriu o antigo convento de monges Jerónimos de Nossa Senhora da Pena, que tinha sido erguido no topo da Serra de Sintra em 1511 pelo rei D. Manuel I e se encontrava devoluto desde 1834 com a extinção das ordens religiosas. O convento compunha-se do claustro e dependências, da capela, sacristia e torre sineira, que constituem hoje o núcleo norte do Palácio da Pena, ou Palácio Velho.
D. Fernando começou por efetuar reparações no antigo convento, que, segundo fontes da época, se encontrava em muito mau estado. Remodelou todo o piso superior, substituindo as catorze celas por salas de maiores dimensões e cobrindo-as com as abóbadas que hoje vemos. Cerca de 1843, o rei decidiu ampliar o Palácio através de uma nova ala (Palácio Novo) com salas de ainda maior dimensão, de que é exemplo o Salão Nobre, rematando-a com um torreão circular junto às novas cozinhas. A obra foi dirigida pelo Barão de Eschwege.
No restauro de 1994 repuseram-se as cores originais no exterior do Palácio: rosa-velho para o antigo mosteiro, ocre para o Palácio Novo.
Ao transformar um antigo mosteiro numa residência acastelada, D. Fernando revelou ter uma forte influência do romantismo alemão, tendo-se provavelmente inspirado nos castelos à beira do Reno de Stolzenfels e Rheinstein, assim como na residência de Babelsberg em Potsdam. A obra do Palácio da Pena terminou em meados da década de 1860, embora posteriormente se fizessem campanhas de decoração de interiores.
D. Fernando mandou igualmente plantar o Parque da Pena nas áreas envolventes do Palácio à maneira dos jardins românticos, com caminhos serpenteantes, pavilhões e bancos de pedra a pontuar os percursos, bem como árvores e outras plantas provenientes dos quatro cantos do mundo, tirando partido do clima húmido da serra de Sintra e criando de raiz um parque exótico com mais de quinhentas espécies arbóreas.
Chalet da Condessa D’Edla. ©PSML | Emigus
A construção mais interessante do Parque da Pena é o Chalet da Condessa (ou Casa do Regalo), que se encontra no extremo ocidental do Parque da Pena. Foi mandado construir por D. Fernando II e pela sua futura segunda mulher, Elise Hensler (Condessa d’Edla), como local de veraneio reservado. É uma construção de dois pisos com forte carga cénica, de inspiração alpina, que mantinha uma expressiva relação visual com o Palácio.
O Palácio da Pena foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e integra-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995.
Em 2013 passou a integrar a Rede de Residências Reais Europeias.
As fotografias do Palácio da Pena foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/).
R. Barbosa du Bocage 5, 2710-567 Sintra, Portugal
Quinta da Regaleira
A Quinta da Regaleira constitui um dos mais surpreendentes monumentos da Serra de Sintra. Situada no termo do centro histórico da Vila, foi construída entre 1904 e 1910, no derradeiro período da monarquia.
Os domínios românticos outrora pertencentes à Viscondessa da Regaleira, foram adquiridos e ampliados pelo Dr. António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920) para fundar o seu lugar de eleição. Detentor de uma fortuna prodigiosa, que lhe valeu a alcunha de Monteiro dos Milhões, associou ao seu singular projecto de arquitectura e paisagem o génio criativo do arquitecto e cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936) bem como a mestria dos escultores, canteiros e entalhadores que com este haviam trabalhado no Palace Hotel do Buçaco.
Homem de espírito científico, vastíssima cultura e rara sensibilidade, bibliófilo notável, coleccionador criterioso e grande filantropo, deixou impresso neste livro de pedra a visão de uma cosmologia, síntese de memória espiritual da humanidade, cujas raízes mergulham na Tradição Mítica Lusa e Universal. A arquitectura e a arte do palácio, capela e demais construções foram cenicamente concebidas no contexto de um jardim edénico, salientando-se a predominância dos estilos neo-manuelino e renascentista.
O jardim, representação do microcosmo, é revelado pela sucessão de lugares imbuídos de magia e mistério. O paraíso é materializado em coexistência com um inferius – um dantesco mundo subterrâneo – ao qual o neófito seria conduzido pelo fio de Ariadne da iniciação.
Concretiza-se com estes cenários a representação de uma viagem iniciática, qual vera peregrinatio mundi, por um jardim simbólico onde podemos sentir a Harmonia das Esferas e perscrutar o alinhamento de uma ascese de consciência que viaja pelas grandes epopeias. Nele se vislumbram referências à mitologia, ao Olimpo, a Virgílio, a Dante, a Camões, à missão templária da Ordem de Cristo, a grandes místicos e taumaturgos, aos enigmas da Arte Real, à Magna Obra Alquímica. Nesta sinfonia de pedra revela-se a dimensão poética e profética de uma Mansão Filosofal Lusa. Aqui se fundem o Céu e a Terra numa realidade sensível, a mesma que presidiu à teoria do Belo, da Arquitectura e da Música, que a concha acústica do Terraço dos Mundos Celestes permite propagar pelo infinito.
As fotografias da Quinta da Regaleira foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/).
2710-405 Sintra, Portugal
Castelo dos Mouros
Instalado num dos cumes sobranceiros da serra de Sintra, o Castelo dos Mouros é uma fortificação construída em torno do século X após a conquista muçulmana da Península Ibérica. Duas cinturas de muralhas contornam de forma irregular os blocos graníticos da serra, por entre penedos e sobre íngremes penhascos. Ao longo dos caminhos de ronda é possível admirar uma paisagem única que exibe, em primeiro plano, a vila, o Paço de Sintra, o Palácio da Pena e a serra e, para além destes, a extensa planície a norte e o oceano Atlântico.
A configuração atual do Castelo dos Mouros é fruto de diversas campanhas e acontecimentos, destacando-se as intervenções realizadas durante a primeira dinastia, iniciadas por D. Afonso Henriques após a tomada de Lisboa e Santarém (1147); até à utilização da fortificação no reinado de D. Fernando I (1383); os danos causados pelo terramoto de 1755; as obras de restauro de D. Fernando II no século XIX, ao gosto romântico da época, e ainda as intervenções conduzidas pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, no século XX. Até à implementação do projeto de requalificação global “À Conquista do Castelo”, conduzido pela Parques de Sintra-Monte da Lua, o Castelo não teve grandes alterações.
As fotografias do Castelo dos Mouros foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/).
2705 Colares, Portugal
Convento dos Capuchos
A última vontade de um nobre, de ilustre ascendência e brilhante carreira militar no Oriente, promoveu a construção de um convento franciscano situado em plena serra de Sintra, em contacto direto com a natureza e de acordo com uma filosofia de extremo despojamento arquitetónico e decorativo.
O Convento dos Capuchos, também conhecido como “Convento da Cortiça”, foi fundado em 1560 por D. Álvaro de Castro, conselheiro de Estado do rei D. Sebastião, com o nome de Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra, e entregue a frades arrábidos franciscanos, em resultado do cumprimento de um voto de seu pai, D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia.
Notável pela extrema pobreza da sua construção e pelo uso extensivo da cortiça na proteção e decoração dos seus pequenos espaços, materializa os ideais da Ordem de S. Francisco de Assis: a busca do aperfeiçoamento espiritual através do afastamento do mundo e da renúncia aos prazeres associados à vida terrena. De dimensões reduzidas, o convento foi edificado no respeito pela harmonia entre a construção humana e os elementos naturais pré-existentes: a construção divina. A sua rusticidade e austeridade são indissociáveis da vegetação envolvente, numa integração total com a natureza, até ao ponto de incorporar na construção enormes fragas de granito.
A mata que rodeia o edifício foi, durante séculos, acarinhada e mantida pelos religiosos que o habitaram, tendo sobrevivido à gradual desflorestação da serra de Sintra. Constitui, assim, um exemplo notável da floresta primitiva da zona, cuja composição florística o visitante pode identificar no percurso botânico proposto. Pela sua raridade, estado de conservação e porte de muitos exemplares, esta mata representa um significante valor natural que importa salvaguardar.
A exiguidade dos espaços, corredores e portas do convento, a humildade que se sente perante a intimidade e o despojamento do local, a penumbra do quotidiano destes religiosos e as belas vistas desta vertente da serra de Sintra que ali se podem observar, são experiências únicas que impressionam, há séculos, todos quantos aí se deslocam.
Em 1581, Filipe I de Portugal (II de Espanha) visitou o eremitério tendo, nessa altura, proferido a célebre afirmação de que, em todos os seus reinos, os dois sítios de que mais gostava eram o Escorial, pela sua riqueza, e o Convento dos Capuchos, pela sua pobreza:
«De todos mis reinos, hay dos sitios que mucho estimo, el Escorial por tan rico y el Convento de Santa Cruz por tan pobre.»
Abandonado em 1834, com a extinção das ordens religiosas que o regime liberal determinou, foi adquirido em 1873 por Francis Cook, primeiro Visconde de Monserrate, e em 1949, pelo Estado português.
O Convento dos Capuchos integra-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995.
As fotos doo Convento dos Capuchos foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/)
2710-405 Sintra, Portugal
Palácio de Monserrate
A quatro quilómetros do centro histórico de Sintra, situam-se o Palácio e o Parque de Monserrate, testemunhos ímpares dos ecletismos do século XIX, onde os motivos exóticos e vegetalistas da decoração interior se prolongam harmoniosamente no exterior. O relvado fronteiro ao palácio permite o descanso merecido, durante a descoberta de um dos mais ricos jardins botânicos portugueses e uma das mais belas criações paisagísticas do Romantismo em Portugal.
A Quinta de Monserrate foi arrendada por Gerard de Visme (1789), rico comerciante inglês, que aí construiu uma casa em estilo neogótico. William Beckford subarrendou Monserrate em 1793-1794 mas, em 1809, quando Lord Byron visita a propriedade, a casa já estava em ruínas. O aspeto sublime da propriedade foi fonte de inspiração para o poeta, que cantou Monserrate na sua obra Childe Harold’s Pilgrimage, após o que a quinta se tornou num local de visita obrigatória de viajantes estrangeiros, sobretudo ingleses, que o descreveram em inúmeros relatos de viagens e o ilustraram em gravuras.
Um dos visitantes famosos foi Francis Cook, outro muito rico industrial inglês mais tarde agraciado pelo rei D. Luís com o título de Visconde de Monserrate, que sub-rogou a propriedade em 1856. A aquisição efetiva da propriedade acontece em 1863, iniciando, com o arquiteto James Knowles, a transformação do que restava da casa de De Visme. O Palácio de Monserrate, que exibe, na sua decoração, influências medievais e orientalizantes, é, com o Palácio da Pena, um dos mais importantes exemplos da arquitetura romântica em Portugal.
Os jardins circundantes receberam espécies vindas de todo o mundo e foram organizados por áreas geográficas, de que se salienta o do México, refletindo as diversas origens das plantas e compondo cenários ao longo de caminhos, por entre ruínas, recantos, lagos e cascatas. É assim, graças à intervenção do pintor William Stockdale e do mestre jardineiro Francis Burt e, acima de tudo, ao espírito romântico de Francis Cook, que podemos hoje encontrar o Parque de Monserrate tal como ele é. Nos diversos jardins encontram-se cenários contrastantes onde – ao longo de caminhos sinuosos e em convívio com espécies espontâneas da região (como os medronheiros de porte arbóreo, os azevinhos e os imponentes sobreiros) – surgem ancestrais araucárias e palmeiras, fetos arbóreos de Austrália e Nova Zelândia e agaves e yuccas que recriam um cenário do México. Neste passeio pelos cinco continentes através da botânica também se destacam as camélias, azáleas, rododendros e bambus, evocando um jardim do Japão.
O Estado adquiriu a propriedade e o Palácio em 1949.
O Parque e Palácio de Monserrate foram classificados como Imóvel de Interesse Público em 1975, integrando-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995.
Em 2000 a gestão do monumento foi entregue à Parques de Sintra, entidade responsável pela profunda intervenção de recuperação e restauro, que permitiu a reabertura do Palácio e devolveu o esplendor de outrora aos jardins históricos do Parque.
Em 2013 o Parque de Monserrate foi premiado com um European Garden Award na categoria de “Melhor Desenvolvimento de um Parque ou Jardim Histórico”.
As fotografias do Palácio de Monserrate foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/)
Estrada da Pena, 2610-609 Sintra, Portugal
Chalet e Jardim da Condenssa d'Edla
Na segunda metade do século XIX, D. Fernando II e a sua futura segunda mulher, Elise Hensler, Condessa d’Edla, criaram na zona ocidental do Parque da Pena um Chalet e um Jardim de caráter privado e sensibilidade romântica, espaço de refúgio e recreio do casal.
Localizado de forma estratégica a poente do Palácio da Pena, o edifício segue o modelo dos Chalets Alpinos, então em voga na Europa.
Da eclética decoração sobressaem as pinturas murais, os estuques, os azulejos e o uso exaustivo da cortiça como elemento ornamental. No exterior, o jardim que envolve o Chalet – e também a Quinta da Pena – reúne vegetação autóctone e espécies botânicas provenientes dos quatro cantos do mundo, conformando uma paisagem exótica em que se destacam a Feteira da Condessa, o Jardim da Joina, o Caramanchão e os lagos.
Entre 1864 e 1869 foi construído o denominado Chalet da Condessa d’Edla e desenvolvida uma forte intervenção paisagista na área envolvente. Influenciados pelo espírito romântico da época, D. Fernando e Elise Hensler, futura Condessa d’Edla, idealizaram uma das zonas mais idílicas e pitorescas dentro de aquele que é considerado o maior e mais emblemático parque romântico alguma vez concebido em Portugal.
O Chalet é um pequeno edifício de forte carga cénica, caracterizado no exterior pela marcação horizontal da pintura do reboco exterior, a simular pranchas de madeira, e pela cortiça que reveste balaústres, perfila beirados, emoldura vãos e finge trepadeiras.
A proximidade de um grupo de pedras de granito monumentais, inserido no jardim, e as vistas para o vale, o mar, o Palácio da Pena, o Castelo dos Mouros e a Cruz Alta, acentuam o dramatismo, quer da construção, quer do conjunto paisagístico.
O Jardim integra uma colorida zona formal com camélias, rododendros e azáleas, e uma exótica intervenção na paisagem – composta por mais de duzentas espécies botânicas e repleta de recantos, caminhos, bancos e miradouros – que permite um passeio entre o Chalet e o Palácio da Pena. Os elementos ornamentais e de fruição da ambiência, presentes de forma quase inesperada, integram-se neste percurso ao longo da descida até à Feteira da Condessa. O vale situado a nascente foi o local escolhido para a criação da Feteira, primeira coleção de fetos no Parque da Pena, de que são especial exemplo os fetos arbóreos da Austrália e Nova Zelândia.
Adjacentes ao Jardim da Condessa encontram-se as estruturas da Quinta da Pena, que inclui a Abegoaria, novas cavalariças e um espaço para as charretes que realizam passeios no Parque da Pena.
A intervenção de recuperação e restauro
Na sequência do incêndio que destruiu parcialmente o Chalet, a empresa Parques de Sintra-Monte da Lua assumiu a recuperação do Chalet e do Jardim como a reconstrução de um grande valor cultural, histórico e artístico, no intuito de devolver o edifício ao seu estado original e de requalificar a envolvente e a coleção botânica, e ainda repor e instalar as infraestruturas e equipamentos necessários para a manutenção da zona. Para atingir este objetivo foi reunida uma equipa técnica multidisciplinar, tendo sempre presente as recomendações das cartas internacionais para o restauro, proteção e valorização do património.
Em 2011, após um minucioso processo de recuperação e restauro, apoiado pela EEA Grants, o Chalet e Jardim da Condessa d’Edla reabriram ao público. Um edifício singular e um jardim de sensações, para descobrir e experienciar à medida da visita.
O Jardim e Chalet da Condessa d’Edla foram classificados como Imóvel de Interesse Público em 1993, integrando-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995.
Em 2012 o projeto de recuperação do Chalet e Jardim da Condessa d’Edla recebeu o Prémio do Turismo de Portugal para Novo Projeto Público, bem como o Prémio Grémio Literário.
Em 2013 foi-lhe também atribuído o Prémio União Europeia para o Património Cultural – Europa Nostra 2013, na categoria de “Conservação”.
As fotografias do Chalet da Condensa d'Edla foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/).
Terreiro D. João V, 2640 Mafra, Portugal
Palácio Nacional de Mafra
O Paço Real ocupa todo o andar nobre do edifício de Mafra e os dois torreões, sendo o do Norte destinado a Palácio do Rei e o do Sul à Rainha, ligados por uma longa galeria de 232 m – o maior corredor palaciano na Europa – usada para o “passeio” da corte, tão ao gosto do séc. XVIII. Aqui se esperavam as audiências reais, se exibiam as joias e os vestidos ou se teciam as intrigas políticas e amorosas...
O Palácio do Rei e o da Rainha funcionavam separadamente, cada um com as suas cozinhas na cave, as despensas e ucharias no piso térreo, os quartos dos Camaristas ou das Damas no 1º piso, os aposentos reais no piso nobre e os criados nos mezaninos (sótãos).
Para os príncipes estava destinado um palacete na extremidade Nordeste do edifício e para as princesas outro a Sudeste. Ambos funcionavam também separadamente.
Primitivamente decorado com tapeçarias flamengas, tapetes orientais e mobiliário para aqui encomendado, o Paço irá sofrer uma profunda modificação na época de D. João VI que encomenda uma campanha de decoração mural em várias salas, sob a responsabilidade de Cyrillo Volkmar Machado. Muitas dessas tapeçarias, quadros e mobiliário serão levadas pela Família Real para o Brasil em 1807, de onde não regressaram.
Esta organização dos espaços manteve-se até à morte de D. Fernando de Saxe-Coburgo, marido da rainha D. Maria II, quando toda a Família Real passou a habitar apenas o torreão e a ala sul, ficando o torreão norte reservado a hóspedes importantes que visitavam Mafra.
A ala sul foi sofrendo algumas obras pontuais e de decoração, nomeadamente quando do casamento de D. Pedro V e D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, no reinado de D. Luís e D. Maria Pia de Sabóia e de D. Carlos e D. Amélia de Orleães.
Foi também no torreão sul, que D. Manuel II passou a última noite no reino, de 4 para 5 de Outubro de 1910, antes de partir para o exílio.
Concebido inicialmente como um pequeno convento para 13 frades, o projecto para o Real Convento de Mafra foi sofrendo sucessivos alargamentos, acabando num imenso edifício de cerca de 40.000 m2, com todas as dependências e pertences necessários à vida quotidiana de 300 frades da Ordem de S. Francisco.
Foi preocupação de D. João V garantir o sustento do Convento, pagando as despesas do seu “bolsinho”. Assim, eram dadas propinas a cada frade duas vezes por ano, no Natal e no São João. Constavam de tabaco, papel, pano de linho e ainda burel para os hábitos, tendo cada irmão direito a dois, um para usar e outro para lavar. Tinham ainda de remendar cada um a sua própria roupa.
No convento gastavam-se e anualmente, por exemplo, 120 pipas de vinho, 70 pipas de azeite, 13 moios de arroz (cada moio equivale a 828 litros) ou 600 cabeças de vaca.
Junto ao Convento ficava o Jardim da Cerca, com a horta, pomar, vários tanques de água e para se distraírem, sete campos de jogos, quatro da bola, um do aro e dois de laranjinha.
Ocupado pelas tropas francesas e depois inglesas na época das Guerras Peninsulares, o Convento foi incorporado na Fazenda Nacional quando da extinção das ordens religiosas em Portugal, a 30 de Maio de 1834 e, desde 1841 até aos nossos dias, foi sucessivamente habitado por diversos regimentos militares, sendo desde 1890 sede da Escola Prática de Infantaria e, hoje, sede da Escola das Armas.
De destacar como espaços conventuais mais significativos o Campo Santo e a Enfermaria para além da Sala Elíptica ou do Capítulo, a Sala dos Actos Literários (Exames), a Escadaria e o Refeitório, estes últimos hoje pertencentes à Escola das Armas e visitáveis sob marcação.
As fotografias do Convento de Mafra foram captadas pela lente do Taylor Moore (https://www.taylormoorephoto.com/).